A arquitetura contemporânea é forçada, a cada novo projeto, a otimizar espaços e utilizar ao máximo cada metro quadrado do terreno. A Casa V4 é um raro anti-exemplo. Sua ocupação do terreno está muito longe do coeficiente máximo. As leis permitiriam construções muito maiores. A solução adotada, no entanto, dialoga com a dimensão do terreno, formulando uma relação adequada entre a escala da construção e do sítio.
Ao contrário das demais casas do entorno, um bairro jardim de São Paulo, a Casa V4 é térrea e quase desaparece quando vista da rua. A sala, posicionada na parte da frente do terreno, fica em baixo de uma delicada laje de concreto aparente. Duas fileiras de caixilhos, dos dois lados da sala, podem ser completamente recolhidos, constituindo uma integração total entre o jardim frontal, a sala e o pátio dos fundos.
A sala, nessa situação, torna-se um abrigo da chuva e do sol, como uma grande varanda. Ainda sob a laje, em uma das extremidades, há uma cozinha aberta. Na cobertura desse volume, um grande deck é um espaço vazio que funciona como solário. Esse terraço faz com que praticamente toda a projeção do terreno seja um jardim.
Na caixa de madeira de onde sai a laje de concreto, ficam os dois quartos voltados para o pátio. A trama de madeira permite controle da temperatura interna e, ao mesmo tempo, confere privacidade para os ambientes. O banheiro da suíte principal volta-se para um pequeno jardim, resguardado do resto da casa.
O programa de necessidades do cliente e as dimensões do terreno possibilitaram um projeto incomum: uma casa urbana térrea. A casa acaba então a se inserir de forma muito delicada no entorno.